28 outubro 2006

cartas antigas

Permita-me ser pesada por hoje, meu amor. Estou sangrando. Nem sempre o dia é bom. Às vezes ouvimos coisas sujas e duras, tem sido assim por aqui. Sinto sua falta, como se de fato, algum dia, tivéssemos estado juntos, realmente juntos. Sinto falta do seu cheiro, do cabelo entre meus dedos, da barba vermelha roçando minha pele. Sinto ainda o calor de seus lábios nos meus. Não quero que isso se apague, jamais. Saudade dói e pesa. A cada dia passeio pelo mundo buscando o que lhe contar na próxima carta. A cada dia espero ansiosamente por notícias suas. A cada dia procuro pelas flores mais lindas, junto todas e enfeito a casa que aguarda o seu retorno, todos os dias. E revivo a cada dia o nosso amor. Acordo com você e te carrego dia afora. Passo a noite toda ao seu lado. E durmo com você. E sonho com você . Permita-me ser insana hoje, só por hoje. Permita-me desejar-te mais do que sempre desejei. Permita-me pesar por você. Permita-me pesar em você, e me tome por inteiro, carne e alma. Estou aqui, sempre estarei. Eu e meu peso, esperando, juntos, por sua chegada. Com amor, sua namorada.

2 comentários:

Anônimo disse...

As coisas que você escreve têm um conteúdo triste e belo, uma poesia possível apenas quando se está falando com todo o sentimento. Enfim, não é só arte, mas alma.

photographie disse...

achei bonito isso, tão bonito.
obrigada...
a propósito, quem é você?