02 abril 2007

o que vem depois?

foto: Neuenschwander
eu sei o que precisa mudar. dentro e fora. então o que tem impedido a mudança? medo? cara, isso não faz o menor sentido. a vida é instável. está tudo mudando o tempo todo, dentro e fora, e sem o menor controle. é medo de piorar? de ficar menos seguro? é medo de perder? engraçado: o que se tem a perder? o que podemos afirmar que é nosso, com certeza, garantido? da porta pra fora: o desconhecido. o próximo passo: dúvida, incerteza. as possibilidades são muitas, infinitas. e elas só se delimitam a cada escolha. vão sendo desenhadas. mas o segundo que segue, esse permanece mistério. e isso não vai mudar só porque precisamos de segurança. barriga de mãe era seguro. colo de mãe era seguro. agora já não se cabe mais em colo. e é preciso caminhar. fazer escolhas. desenhar e escrever a própria vida. o homem sempre buscou, em deus e na ciência, uma chance de predição. o que vai ser amanhã? e é aí que muita gente se engana. mas se enganar é escolha também. problema deles. meu, não mais. decidi peitar o minuto que vem. porque medo só se perde quando se enfrenta. tá, eu sei que é difícil (e dói): mas eu prometo que depois que se enfrenta ele fica minúsculo, irrelevante e infundado - daí é só pisar com gosto. parece liberdade esse acesso quase ilimitado às possibilidades que o mundo oferece. mas a liberdade mora na descoberta do que somos, do que queremos. olho para os 28 anos que passaram: um gatinho emaranhado num novelo. hora de desenrolar para escrever a tal história. desenho que começa com uma revolução: a aceitação de que somos (todos) seres instáveis e imperfeitos.

2 comentários:

Rafael de Sá Cavalcanti disse...

Existe ao mesmo tempo um medo e um fascínio pelo desconhecido. Sabemos bem que existem pessoas que têm mais tendência a um sentimento do que ao outro; e que nossa evolução nessa vida depende de caminharmos na direção contrária da nossa tendência natural para atingir um equilíbrio, mesmo que seja desconfortável (e doa). Eu tinha tendência ao medo, e de uns anos pra cá (depois que terminei a primeira graduação), comecei a minha caminhada a aceitar e lidar com o desconhecido. Aprendi muita coisa no caminho, e continuo aprendendo (é um processo sem fim). Aos poucos adquiri essa calma (quase fleumática) ao encarar as agruras que me aparecem. Se eu tivesse me preservado antes, hoje não saberia lidar. Portanto, afirmo que você está no caminho certo. Afirmo também que você evoluiu muito, pelo pouco que conheci de você. E que texto perfeito, como eu gostaria de tê-lo escrito! Admiro cada vez mais :)

photographie disse...

que bom que gostou do texto rafa!
beijo enorme!!!