14 maio 2006

a brincadeira

"tristeza por ter descoberto que as aventuras que acabara de viver nada tinham de excepcionais, que eu não as escolhera por luxo, por capricho, por aspiração inquieta de conhecer tudo (o nobre e o abjeto), mas que elas se tinham tornado a condição fundamental e usual de minha vida presente, que elas circuscreviam de maneira exata a área de minhas possibilidades, que desenhavam com um traço preciso o horizonte da vida amorosa que me era afinal destinada, que expressavam, não minha liberdade, mas meu determinismo, meus limites, minha condenação - e fui dominado pelo medo, medo desse lamentável horizonte, medo desse destino - sentia minha alma se encolher sobre si mesma, sentia que ela recuava, e me atemorizava com a idéia de que, diante desse cerco, ela não tivesse para onde escapar"

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